ARTESÃOS RELEMBRAM BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA

Santina Berlofa brincava de PASSA ANEL com seus 12 irmãos, no sítio onde moravam, em Lindóia, SP

Material: um anelzinho ou uma pedrinha

O Jogo: As crianças se colocam, lado a lado, sentadas ou em pé, com as mãos unidas. Uma delas é escolhida para passar o anel.

Inicia-se o jogo com a criança que está com o anel. Suas mãos devem estar unidas, para facilitar a passagem do mesmo para as mãos de uma jogadora escolhida.

"Tome este anelzinho e não diga nada a ninguém".
Após ir em todas as crianças, ela já deverá ter deixado o anel com uma delas. Após isso, a criança que estava com o anel e que o passou a outra, pergunta a qualquer uma das crianças, menos àquela que esta com o anel:
"Com quem você acha que está o anel?"

Se a criança escolhida acertar, será o próximo "passador de anel"
O anel pode ser substituído por uma pedrinha.

Para Maria Conceição Costa Ribeiro a brincadeira preferida de sua infância passada em Juiz de Fora - MG é o "Pique".

Morava com sua família na casa da Rua 7 n. 192, no Centro, numa pequena vila com cerca de 5 casas. Todos os finais de tarde enquanto as mães esperavam a volta dos maridos do trabalho, reuniam-se para colocar os assuntos em dia. As crianças brincavam, relembra Conceição.

PIQUE-PIQUE, ESCONDE-ESCONDE OU PIQUE-ESCONDE

Embora haja diversas variações para a mesma brincadeira, era assim o jogo:

Limite da área: Demarca-se o limite da área. O espaço deve ser amplo, onde se possa correr e com lugares para esconderijo.
O Jogo: O jogo é iniciado com um sorteio para saber quem será a criança escolhida para ser o “contador”.
Depois disso escolhe-se um local onde as crianças devem 'bater seu nome' ou o “pique”. Esse lugar pode ser um poste, uma árvore ou um ponto demarcado numa parede.
O “contador’ ocupa esse lugar. Deve contar até 31. Convencionou-se essa contagem, sem saber o motivo desse número. O contador esconde o rosto para não ver os participantes.

As outras pessoas se escondem. Ao terminar a contagem, o contador grita: "Lá vou eu!" e sai à procura dos participantes que estão escondidos.
Quando encontrar alguém, segura e grita seu nome. A criança pega ficará fora do jogo. Para ser salvo, o participante poderá sair de seu esconderijo e correr para o pique, batendo a mão na chamada "mancha (pique)". Não poderá ser pego. O jogo continua até restar um último, que será o novo contador.


Cidinha Souza Pinto escolheu o Jogo da Amarelinha, como sua brincadeira preferida da Infância

JOGO DA AMARELINHA

Amarelinha, é uma brincadeira que estimula a criança ter noções dos números sequenciais, do 1 ao 10. Trabalha também o equilíbrio, uma vez que deverá cumprir a regra ao pular casas numéricas, como se verá a seguir. Há variações do jogo, mas o relatado aqui é o preferido de Cidinha Souza Pinto. Jogava dessa maneira quando criança.

A preparação do jogo: Risca-se no chão, com a utilização de giz, preferencialmente, um retângulo. Traça-se 1 linha na vertical e outras na horizontal de modo que se construam 10 espaços internos. As medidas desses espaços devem equivaler a aproximadamente um passo da criança. No topo do retângulo, marca-se um semi-círculo, denominado ”céu”. É a área de descanso do jogador, de onde retornará ao ponto de partida, pelo lado oposto.

Colocam-se nas casas, números sequenciais nas casas, de 1 a 10.
O jogo : Inicia-se o jogo após um sorteio para conhecer qual será a sequência dos jogadores.
Com uma das mãos, joga-se uma pedra deslizante na casa 1. Em pequeno salto, pula-se sobre a casa 1 onde está a pedra. Continua saltando sobre um pé, nas casas com sequência numérica até alcançar o “céu” . Aí, sim pode-se descansar com os dois pé no chão. A volta se dá da mesma maneira que na ida, pelo lado oposto.
A seguir, com uma das mãos, joga-se a pedra na casa 2. Inicia-se a caminhada aos pulos sobre apenas 1 pé na casa 1, pulando com um salto a casa 2 onde se encontra a pedra.
Assim sucessivamente até completar o ciclo.
Sairá do jogo quem “queimar” qualquer risca, ou seja, colocar um dos pés no traçado. Também sairá do jogo quem utilizar os dois pés como apoio fora da área do céu ou quem errar a colocação da pedra nas casas. As linhas não podem ser “queimadas”.
Sairá vencedor o que cumprir as regras. Os juizes são os jogadores ativos ou excluídos.

Cidinha Souza Pinto jogava AMARELINHA na Rua dos Leme ou na Rua do Sapo ( D. Pedro II) em Pirassununga, embora morasse na rua José Bonifácio 114. Aquelas ruas eram cascalhadas e portanto as riscas eram feitas com uma vareta. Eram companheiros de brincadeira: a Mariinha Levy, a Elenice Rizzi, a Zezé Urban, o Roquinho Baggio, o Manuelzinho Gimenez. Assistiam a brincadeira ou melhor, atrapalhavam, os já adolescentes: Humberto Urban, o Alcindo Lébeis Jr., o Caçula, a Irma Levy.

AMARELINHA

RISCAS NO CHÃO.
EM QUALQUER CHÃO.
QUADRADOS SIMPLIFICADOS
DELINEADOS
À MÃO.
PEQUENAS MÃOS

DÁ PRA PULAR?
DÁ PRA ENGANAR?
RISCA PRA FRENTE
RISCA PRA TRÁS
CÉU E INFERNO
QUEM VAI COMEÇAR?

PEDRA PEQUENA
AMARELINHA
OU DE QUALQUER COR
ESCORREGA DEMAIS,
PASSA AS RISCAS
PERDE A VEZ.

VAI PRO CÉU?
SAI DO INFERNO?
NEM LIGUE
PRA ISSO.
PARECE FEITIÇO.

VÁ PRA IGREJA
SEM DEMORA
JÁ SE FAZ A HORA.
DIGA AO PADRE CONFESSOR
E NEM TENHA PUDOR:
CÉU E INFERNO
A MAIS PURA INVENÇÃO
PRA CRIANÇA, O TEMOR.

E MAIS AINDA, REPITO
SEM MEDO DE CONFISSÃO
PRA CRINÇAS, BRINCADEIRAS
SÃO APENAS MARCAS NO CHÃO.

cidinha souza pinto

set 2008

Cleuza Gnam da Silva escolheu "Queimada" ou "Barrabol" como a brincadeira preferida de sua infância


QUEIMADA OU BARRABOL

Como se demarca o campo: O Campo deve ser delimitado, de acordo com o número de participantes. Risca-se com giz ou caco de tijolo, um retângulo de uns 6m de comprimento por uns 3 ou 4 de largura. Essa área deverá ser dividida ao meio. Nas extremidades de cada parte, risca-se uma parte menor, que será chamada de “poço”. É lá que ficarão os jogadores atingidos (queimados) pela bola.

Material para o jogo :Uma bola de meia que caiba na mão

Os participantes: Formam-se dois grupos de jogadores. Cada grupo se coloca em um lado do campo, frente a frente, divididos pela linha demarcatória do centro.
Como é o jogo:As jogadas são sempre alternadas por equipe. Tira-se no “cara ou coroa” qual equipe dará início ao jogo. Deve ser indicado também um jogador que será o primeiro atirador. Este deverá pagar a bola e atirar numa pessoa do grupo adversário, tentando queimá-la.
“Queimar” um jogador significa ser atingido pela bola e vai ( a bola) para o chão. Se a bola é agarrada por qualquer membro da equipe, o jogador é salvo. Passa a ser o novo atirador. Se a bola bate em um jogador, e depois em outro, será queimado o último jogador emque a bola bateu. Este será “queimado”. O jogador “queimado” será retirado da equipe e ocupará o espaço do poço. A bola continua com o atirador.
Se alguém da equipe quiser salvar um jogador que se encontra no poço, pode cruzar o campo adversário, jogando a bola para ele, que tentará agarrá-la. Aí este jogador que tem a posse da bola, tentará queimar algum adversário. Se conseguir, sairá do poço e voltará para o jogo, para seu campo. Essa variante é alternativa, mas dá mais emoção e tornará o jogo mais complexo e ágil.

Vencedor : A equipe que queimar todos os jogadores da equipe adversária, ganhará o jogo.

A Recordação: Cleuza recorda que jogava Queimada ou Barrabol com seus amigos de infância, na rua de sua casa, Rua Bela Vista, no Centro de São Bernardo do Campo. Lembra-se de alguns deles, além de Cleide, sua irmã: as gêmeas Neide e Neusa, Cleide, Edna, Edinho, Hélio ( in memorian) e Russinho.

"FÓRMULA DE ESCOLHA" EM BRINCADEIRAS

Dá-se o nome de “Fórmula de Escolha” à etapa inicial de jogos ou brincadeiras de crianças.
Ao começar um jogo ou uma brincadeira qualquer, as crianças usualmente têm necessidade de sortear um dos companheiros para dirigí-los, para liderá-los ou distribuir posições. Com o objetivo de evitar desentendimentos, descontentamentos e, às vezes, até brigas, existem fórmulas pacíficas e democráticas de selecionar aqueles que irão liderar, comandar e participar do brinquedo ou jogo.
Estes meios são chamados de “Fórmula de Escolha” ou “Fórmula de Sorteio”.
Existem várias maneiras de se fazer essas escolhas, mas as mais conhecidas são em forma de versos dialogados ou sortes —muitas vezes cantados—, utilizados para decidir quem participará ou liderará os jogos, tais como pique-esconde, a amarelinha e outros.

Luís da Câmara Cascudo, em seu artigo "Jogos e Brinquedos do Brasil", destaca a importância da manifestação folclórica: "Uma moeda ou pedrinha oculta na mão fechada e pergunta:

Sapatinho de judeu? Mão de baixo (ou de cima) quero eu! Mão de cima (a que não foi citada) não dou eu!
Coincidindo , a pedra indica quem deve iniciar o brinquedo".

Cascudo refere-se ao popular "Sapatinho de Judeu", existente desde a antiquidade: os romanos o denominavam "Par et Impar"; na América Latina é conhecido como "Pares y Nones". Existem milhares dessas fórmulas de escolha em todo o mundo, além de uma alentada bibliografia a respeito do assunto.

Transcrito de : http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rmula_de_escolha




UMAS PALAVRAS

BRINCAR É FAZER ARTE. CRIANÇAS BRINCAM. CRIANÇAS FAZEM ARTE, ENTÃO. ADULTOS BRINCAM COM A CRIANÇA GUARDADA DENTRO DE SI, COM AS LEMBRANÇAS CHAMADAS RECORDAÇÕES. ADULTOS FAZER ARTE, PORTANTO. NÃO A ARTE TRADICIONAL, CRIADA A PARTIR DE MODELOS, COPIADAS. MAS A EXPRESSÃO DE SEU MUNDO INTERNO, DE SUA ANIMA.

SÃO ARTEIROS, MESMO NESSA TAREFA ÀS VEZES NADA FÁCIL DE MUDAREM O CENÁRIO E SE TRANSPORTAREM PARA SEUS ANOS DE INFÂNCIA.

EM ALGUM MOMENTO, PARAMOS. RELATAMOS NOSSAS EXPERIÊNCIAS INFANTIS COM JOGOS E BRINCADEIRAS. POR INSTANTE NOS TORNAMOS CRIANÇAS, VOLTAMOS PARA NOSSOS ESPAÇOS, CENÁRIOS. SOMOS OS MESMOS ATORES. CRESCIDOS PORÉM. DESCOBRIMOS UMA NOVA COMPANHIA: A INFÂNCIA.

ALGUNS RELATOS ESTÃO AQUI NESSA PEQUENA VIAGEM.

abril 2010